Demonstrações ministeriais de lealdade no Executivo brasileiro: um estudo comparado dos governos Temer e Bolsonaro (2016-2021)

Arquivo indisponível

Aluno-pesquisador: 

Luca Veiga Cechinel

Orientador: 

  • Professor Sérgio Marchiori Praça

Ano: 

2023

Escola: 

  • CPDOC - Escola de Ciências Sociais

A seguinte pesquisa busca analisar a relação entre Presidentes brasileiros e os seus ministros em um contexto de mudança na forma na qual os Presidentes da República organizam os seus ministérios. No passado, a lógica de organização buscava sobretudo satisfazer as demandas da base aliada no Congresso Nacional, indicando ministros que representassem os partidos desta. Isso, porém, muda na medida em que a eleição de Jair Bolsonaro em 2018 representa uma ruptura com os moldes tradicionais do presidencialismo de coalizão, com a participação dos partidos e do Congresso na construção do governo sendo colocada em segundo plano. Dadas essas mudanças, a hipótese deste artigo é que a diminuição de participação dos partidos incentiva que os ministros, visando a garantia de suas posições, demonstrem lealdade explícita ao presidente através de declarações públicas de apoio ao presidente, sua agenda e suas ideias - por mais controversas que essas possam por ora ser. Isso foi explorado através de uma análise aprofundada das declarações ministeriais feitas do começo do governo Bolsonaro até meados de 2021, utilizando como fonte o jornalismo político do jornal A Folha de São Paulo. Para fins de comparação, foi efetuada semelhante análise para o governo Michel Temer (2016-2018), no qual as dinâmicas ministeriais do presidencialismo de coalizão se mantiveram. Em conclusão, foi descoberto que o governo Bolsonaro dispõe de um número elevado de declarações pessoais de lealdade por parte dos ministros em relação ao governo Temer, além da diferença material entre as declarações de cada governo.