Inovação, Tecnologia e Sustentabilidade - Biocombustíveis e Energia Renovável no Brasil

Arquivo indisponível

Aluno-pesquisador: 

Adilson Freitas Sena Filho

Orientador: 

  • Prof. Paulo Negreiros Figueiredo

Ano: 

2024

Escola: 

  • EBAPE – Escola Brasileira de Administração Pública e de Empresas

Neste trabalho, compartilho minha jornada acadêmica como bolsista de iniciação científica, durante o período de 2023 a 2024, que foi fundamental para meu crescimento pessoal e profissional. Sob a orientação do Prof. Dr. Paulo Negreiros Figueiredo, tive a oportunidade de me aprofundar em temas cruciais relacionados à inovação e tecnologia voltadas para o desenvolvimento sustentável. Meu trabalho foi inserido no contexto da acumulação de capacidade tecnológica e inovação, alinhando-se aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (SDG) da ONU, especialmente ao SDG7 (Energia limpa e acessível) e 
ao SDG9 (Indústria, inovação e infraestrutura). A experiência adquirida ao longo desse período foi extraordinariamente valiosa e transformadora, permitindo-me desenvolver uma variedade de habilidades essenciais, como a escrita acadêmica, a geração de relatórios e a realização de pesquisas. Minha jornada acadêmica começou com a pesquisa sobre a transição energética no Brasil, onde analisei o papel do bioetanol de cana-de-açúcar na construção de uma matriz energética mais sustentável. Durante essa pesquisa, descobri que o Brasil é o maior produtor mundial de bioetanol, o que me fez compreender o 
potencial que o país possui para reduzir suas emissões de gases de efeito estufa. Em um momento em que o Brasil é o sétimo maior emissor global, a oportunidade de explorar o impacto dos biocombustíveis me motivou a investigar ainda mais. Com 45% da matriz energética proveniente de fontes renováveis, percebi a importância do bioetanol, que pode reduzir as emissões de CO2 em até 90%. A pesquisa revelou que a produção de bioetanol no Brasil não apenas gera emprego e renda, mas também contribui para um desenvolvimento econômico sustentável, preservando o meio ambiente. Ao me aprofundar, identifiquei três fases do avanço tecnológico na indústria do etanol: emergência, crescimento e maturidade. A acumulação de capacidades tecnológicas, dependente de estratégias de aprendizagem contínua, se mostrou 
vital para a inovação e o desempenho ambiental. O desenvolvimento de mais de 30 novas variedades de cana-de-açúcar é um exemplo claro de como a pesquisa e a inovação podem impulsionar a produtividade e a sustentabilidade no setor. Além disso, a análise das políticas públicas voltadas para a promoção do bioetanol e dos incentivos governamentais revelaram um cenário positivo para o avanço tecnológico na produção de biocombustíveis. Em outra tarefa, realizei uma revisão abrangente de artigos relevantes sobre a transição energética nos setores de etanol de cana-de-açúcar, celulose e florestal. 
Essa análise incluiu o estudo dos impactos ambientais e da eficiência energética associados à produção de biocombustíveis. A análise econômico-energética do bioetanol no Brasil foi um ponto focal, destacando a importância de investigar os custos ocultos na produção e a integração de novas tecnologias. Por meio dessas pesquisas, percebi a necessidade de um entendimento profundo sobre os 
desafios e oportunidades que a produção de biocombustíveis sustentáveis apresenta. Minhas investigações se expandiram para examinar iniciativas sustentáveis em setores-chave da economia brasileira, como celulose, etanol, aço, mineração e petróleo e gás. Foi inspirador observar como grandes empresas, como Suzano, Raízen e Klabin, têm investido em energia renovável para diminuir sua dependência de combustíveis fósseis. Analisei como essas organizações estão implementando soluções de energia renovável e reduzindo suas emissões de carbono. O compromisso da Suzano em aumentar em 50% sua exportação de energia renovável até 2030 e os esforços da Klabin para utilizar 92% de combustíveis renováveis em sua matriz energética são exemplos notáveis de como a indústria está se adaptando a práticas mais limpas e eficientes. A pesquisa também abordou a utilização de tecnologias emergentes e inovações dentro da indústria, como o uso de robôs para o controle de plantas daninhas e o desenvolvimento de fertilizantes que potencializam a produtividade da canade-açúcar. Essas inovações não apenas aumentam a eficiência produtiva, mas também promovem a sustentabilidade a longo prazo, destacando a importância da transformação digital nas indústrias de biocombustíveis. O Grupo São Martinho, por exemplo, implementou soluções digitais que aumentam a eficiência e reduzem custos, demonstrando que a tecnologia é um pilar fundamental na busca por um futuro mais sustentável. Outro aspecto relevante foi a análise das empresas que estão na vanguarda da produção de energia a partir de biomassa. A Suzano, a Bracell e a Klabin se destacam por suas iniciativas de geração de energia renovável, com compromissos sólidos em sustentabilidade e inovação. Fiquei impressionado com os esforços da Suzano, que utiliza resíduos para gerar energia, e a Bracell, que gera energia suficiente para abastecer 750 mil residências, utilizando licor negro e tecnologia de ponta. A Klabin, por sua vez, investiu na gaseificação de biomassa para substituir combustíveis fósseis, aumentando a participação de fontes renováveis em sua matriz energética. Essa análise me proporcionou uma visão ampla sobre como as empresas estão se adaptando às novas exigências de sustentabilidade, impulsionando uma mudança significativa no setor. Além disso, investiguei o potencial da cana-de-açúcar na produção de biocombustíveis de segunda geração (E2G). A Raízen e a GranBio são líderes nesse setor, investindo em tecnologias que prometem reduzir a pegada de carbono e aumentar a competitividade do E2G no mercado. A Raízen, pioneira global na comercialização de E2G, tem capacidade de produzir 2 bilhões de litros por ano e planos de expandir sua produção com 20 novas unidades nos próximos dez anos. Por outro lado, a GranBio é reconhecida por suas tecnologias inovadoras, incluindo os processos patenteados GreenPower+ e AVAP. Ambas as empresas demonstram como a inovação pode ser uma aliada da sustentabilidade, promovendo o uso responsável de recursos naturais e contribuindo para a redução das emissões de gases do efeito estufa. Essas experiências de pesquisa não apenas aprimoraram minhas habilidades acadêmicas, mas também me proporcionaram uma visão abrangente sobre os desafios e oportunidades enfrentados pelas indústrias brasileiras na busca por soluções mais sustentáveis. A conexão entre gestão, tecnologia e sustentabilidade se revelou fundamental para um futuro mais limpo e inovador. Através das investigações realizadas, pude compreender a importância da colaboração entre setores acadêmicos e industriais, evidenciando que a troca de conhecimento é essencial para o desenvolvimento de soluções inovadoras. Por fim, meu envolvimento em projetos de pesquisa e extensão me proporcionou uma experiência enriquecedora e gratificante, que ampliou minha compreensão sobre a importância da pesquisa acadêmica na construção de um mundo mais sustentável. Ao explorar as interseções entre inovação, tecnologia e sustentabilidade, fiquei motivado a continuar contribuindo para a construção de uma sociedade mais consciente e responsável em relação ao meio ambiente. Essa 
trajetória reflete o potencial dos alunos de Administração em contribuir para áreas que, tradicionalmente, não estão associadas à sua formação, ressaltando que a interseção entre gestão, tecnologia e sustentabilidade é fundamental para um futuro mais próspero e sustentável